sábado, 8 de novembro de 2008

No domingo passado a minha querida avó passou mal. Desmaiou. E mesmo depois de "acordar" manteve-se algum tempo sem falar. Quando falou, mostrou sinais de não estar em si. Dizia coisas sem nexo.
Claro que foi levada imediatamente para as urgências da zona, onde a exma. sra. dra. apenas disse: "É a idade." Eu sei que a minha avó tem muita idade, 94 anos não é brincadeira, mas acho que esses 94 anos de idade merecem mais respeito e atenção por parte dos outros.
Acredito que se fosse uma pessoa muito mais jovem seria submetida a outros exames de forma a testar e comprovar a que se devia o desmaio e falta de juízo. Posso estar a dizer uma barbaridade, mas não consigo ver a minha avó mal e ficar de braços cruzados simplesmente porque já viveu muitos anos.
Nos primeiros dias ainda estava muito confusa, agora, apesar de já estar em sim, já não sai da cama.
Custava imenso vê-la fora de si, a chamar a minha mãre (sua filha) de mãe. Pensei tanta coisa ao mesmo tempo. Ás vezes somos tão egoístas, queremos ter sempre as pessoas que mais amamos presentes mesmo quando estão em situações de sofrimento. Não vou dizer que minha avó esteja em sofrimento fisico, pois não está. Mas psicologicamente está a sofrer.
Agora que está em si, e está numa cama, tendo sido uma pessoa tão cheia de vida, e neste momento que se vê sem forças para sair da cama pelos seus próprios pés, chora. Chora quase como uma criança. E custa vê-la chorar, são poucas as lembranças de vê-la a chorar.
É a lei da vida, e um dia mais cedo ou mais tarde, as coisas seguiriam o seu rumo.
Tenho saudades, saudades daquele mulher cheia de vida e independente apesar da sua bonita idade. Tenho saudades de sentir a sua vontade viver, de sentir que mesmo que vivesse 100 anos nunca seria velha.
Foi, é e sempre será uma das mulheres da minha vida. Viva o que viver, aconteça o que acontecer nunca a vou esquecer e sobretudo nunca esquecerei os valores que me transmitiu e toda a força de viver que transbordava de todo o seu ser.