segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Há assuntos com os quais não consigo lidar de forma natural, assuntos que me perturbam.
Não consigo aceitar e entender a morte. Sei que é a única coisa que temos de certo nesta vida, mas não consigo.
Passei a minha vida agarrada a uma falsa ideia de que aqueles que mais amo nunca irão faltar, estarão sempre a meu lado, poderei sempre ouvir a sua voz, sentir o calor do abraço carinhoso...não me imagino a viver sem estas pessoas e sem todos os seus gestos afectuosos.
Claro que com o passar dos anos, fui perdendo pessoas importantes na minha vida. Fui tendo a noção que as pessoas desaparecem, deixando um vazio que só é preenchido porque ainda tenho comigo pessoas de quem gosto muito e que essas sim me farão verdadeiramente falta, pois são o meu pilar, a razão da minha existência.
Parece estranho?!
Acho que a perda que mais me vai doer é a dos meus pais, principalmente a minha mãe que para mim é TUDO. MESMO TUDO!!
Custa ver os anos a chegar, custa ver que estão a chegar aqueles sinais de idade. A osteoporose, o cansaço de uma vida de luta, o rosto fatigado de todas as frustrações de uma vida (sim porque a vida nem sempre é rosas), a falta de vontade de continuar a lutar por algo em que acredita, a vontade de desistir de coisas que lhe são importantes.
Doí muito assistir a isto sem saber o que fazer.
Custo não ter uma família grande e unida por perto. Custo olhar no seu rosto e conseguir ler aquilo que me esconde para não fazer sofrer, custa a ausência daquele sorriso que vem de coração cheio. Custa...
Vejo/sinto que se está a ir abaixo. Sei que não tenho ajudado muito para que isso não aconteça. Mas neste momento a minha própria vida é rol de frustrações e de expectativas defraudadas.
Sei que a osteoporose na anca que a incomoda a andar também a afecta psicologicamente, é o sentir que algo está a mudar, que já não tem a mesma disponibilidade física para levar o mesmo ritmo de vida que levava e que tanto a fazia feliz e lhe dava vida. Tenho medo que isto lhe traga outros problemas, depressão por exemplo. Ás vezes fala nisso, diz "aindã não caí numa depressão por sorte".
Tem os filhos longe, o meu pai também não tem se revelado um companheiro de todas as horas.
Além de tudo isto, tem a mãe (minha querida avó) com 94 anos que dia após dia começa a ficar abatida. Quando até agora demonstrava uma rara energia e força de viver para a idade que tem.
Custa tanto ver estes sinais do tempo a chegar. Não consigo lidar com isso. Não estou a dar o apoio que devia dar, provavelmente porque não aceitei o inevitável. Que a idade chega.
Hoje estou tão triste e melancólica. Aqueles dias em que as lágrimas são a minha companhia.

3 comentários:

Carina Oliveira disse...

Não te podes deixar ir a baixo.
Arregaça as mangas e luta.
Como a tua mãe sempre fez por ti.
Eu acredito que consegues dar a volta.
Um beijinho e toda a força que precisas está dentro de ti.
Por mais que doua.
Doi mais um dia tudo acontecer e olhares para trás e veres que nada fizeste.

Carina Oliveira disse...

P.S. Não agradeças.
Tens musicas novas na Playlist,
a ver se animas.
Beijinhos

Ti disse...

Abraço(-te)*